Dra. Livia Mathias

Atendimento psiquiátrico com empatia, sensibilidade e inclusão

Camille Claudel e o uso da Psiquiatria para controlar mulheres

Nascida em 8 de dezembro de 1864, no norte da França, Camille Claudel foi uma escultora e grande artista do século XIX. Desde pequena, sua fascinação por pedras e rochas revelava um talento precoce para a modelagem de argila.

Com o apoio de seu pai, que sempre incentivou sua carreira artística, Camille ingressou na Académie Colarossi, uma das poucas instituições que admitiam mulheres naquela época. Ali, ela teve a oportunidade de refinar suas habilidades e desenvolver sua expressão artística. Mas foi em 1883, ao conhecer Auguste Rodin, que sua trajetória sofreu uma mudança definitiva.

A relação com Rodin

Rodin, já um escultor renomado, se tornou mentor e amante de Camille. Ela trabalhou em sua oficina, colaborando em projetos importantes e contribuindo para algumas das obras mais icônicas de Rodin. Apesar disso, enquanto ele conquistava fama e reconhecimento, Camille era muitas vezes reduzida ao papel de assistente ou musa.

A relação entre os dois se tornou abusiva, marcada por controle e possessividade. Rodin se recusava a deixar sua companheira de longa data, Rose Beuret, para viver integralmente com Camille. Esse ciclo de abandono e atração contribuiu para uma crise emocional em Camille, agravada por um aborto espontâneo e pelo isolamento social.

Após o rompimento com Rodin em 1892, a escultora começou a produzir suas obras mais significativas e pessoais, como “A Idade Madura” (L’Age Mûr). Essa peça além de simbolizar o fim do relacionamento com Rodin, também simboliza uma reflexão profunda sobre o tempo e o abandono.

“A Idade Madura” (1895)
Foto da minha visita ao Museu de Orsay, Paris
Foto da minha visita ao Museu de Orsay, Paris

No entanto, sua produção artística foi prejudicada por dificuldades financeiras e pelo estigma de ser uma mulher independente e talentosa em um meio dominado por homens. A depressão tomou conta de sua vida, e, em 1913, seu irmão Paul Claudel a internou em um manicômio sob a alegação de “paranoia”.

A Institucionalização de mulheres como forma de controle

Depois de ser internada, Camille foi privada de sua liberdade e de sua arte, ficando confinada por trinta anos até sua morte. Mesmo quando relatórios médicos indicavam que ela não precisava de confinamento prolongado, sua família optou por mantê-la no manicômio.

Por isso, o caso de Claudel é um exemplo claro de como a sociedade usava a psiquiatria para controlar mulheres que desafiavam os papeis impostos pela época.

O Legado de Camille Claudel

Camille Claudel não foi apenas uma vítima de seu tempo. Ela é um símbolo da luta contra a institucionalização injusta de mulheres e do silenciamento imposto às que ousavam desafiar normas sociais. Seu legado continua vivo nas discussões sobre feminismo e saúde mental, inspirando debates sobre o direito à liberdade e à expressão criativa.

Para muitas mulheres, os manicômios se tornaram lugares de contenção e repressão, não para tratar questões de saúde mental, mas sim para neutralizar sua autonomia, sexualidade e/ou sua liberdade criativa.

Ainda hoje, em diferentes formas, mulheres são silenciadas, patologizadas e marginalizadas por expressarem suas vozes e sua liberdade. Claudel foi punida por sua genialidade e por um relacionamento abusivo que a devastou emocionalmente, culminando em seu aprisionamento sob a alegação de que não podia ser controlada.

Por isso, a artista é um símbolo da luta contra a institucionalização de mulheres, e seu legado está presente nas discussões sobre feminismo e saúde mental até os dias de hoje.

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